quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MEMÓRIAS DA VIDA MILITAR


Parece-me que foi ontem, mas já se passaram quatro décadas e mais um pouquinho. E estas fotos que publico transmitem o que de bom vivemos na nossa vida militar.
Primeiramente no RI-5, Regimento de Infantaria nº.5 nas Caldas da Rainha, na recruta 2º.turno de 71, 4ª.Companhia nº.1375.



   Seguindo-se a especialidade na acolhedora e bonita cidade do Porto, no CICA-1, na Rua D. Manuel II, ao lado do Palácio Cristal.
Foi aqui que a especialidade foi concluída.
Num quartel bem localizado, e principalmente por ter tido uma especialidade de instrutor de condução auto, dado que gostava imenso de automóveis e já possuia antes de iniciar a vida militar a respectiva licença de condução.
Foram meses de excelente vivência nesta acolhedora unidade militar.
Mas, nem tudo pode ser bom até ao fim, e foi aí que em Janeiro de 1972, mais precisamente no dia 2, quando me apresentei das mini-férias natalicias que recebo a ordem de serviço indicando a minha mobilização para terras Angolanas.
Foi uma surpresa muito grande, e uma dor que nos enche a alma de incertezas e na nossa cabeça um descontentamento que não apaga os momentos vividos com prazer nesta cidade que me acolheu e tão bons momentos passados.
Veio o inevitável, o dia em que tinha de me apresentar no aeroporto Figo Maduro, para embarcar para Luanda.
Foram dias vividos de muita amargura, de muita tristeza e principalmente muita ignorância sobre o que iriamos encontrar em terras africanas.
Finalmente, chega o dia do embarque 8 de Fevereiro de 1972, à meia noite encontrava-me no avião militar para levantar voo com destino à capital angolana,a bonita cidade de Luanda, com uma viagem muito agradável, mas com um coração desfeito de ter deixado o continente e partir sabendo que seria uma ausência sem certezas, e principalmente a maior dor em saber que o meu querido pai já se encontrava um pouco adoentado, dando inícios de uma incerteza quanto ao seu estado de saúde.

Mas, ao aterrar às nove da manhã em Luanda, com um calor abrasador e sair de Lisboa com um frio de bater os dentes, logo aí foi uma surpresa agradável.
Mas, a maior surpresa vinha poucas horas depois de ter efectuado todas as formalidades de desembarque, e seguir para o quartel dos Adidos para as apresentações obrigatórias.
Tudo isto antes da hora do almoço, que viria logo a seguir. Quando apanho o autocarro militar para a Av. dos Combatentes, e com destino à Messe dos Sargentos para efectuar a respectiva refeiçao.
Saí do autocarro e ficando no passeio em frente à Messe para atravessar a Avenida dos Combatentes, alguns segundos depois, ouço uma buzina de um carro e uma voz a chamar por Guiné, Augusto Guiné, não tive palavras para descrever aquele momenmto.
Aparecem depois de saírem da sua viatura ao meu encontro, o meu querido amigo Ildo e esposa, para me abraçarem e perguntarem o que estava a fazer alí.
A partir daqui, parecia que me encontrava de novo em Campo de Besteiros, porque transmitiram aos nossos conterrâneos e amigos, Avelar Adão, Miltom, Ademar, Adail eu sei lá quantos não estavam a ser contactados a dar a noticia que eu iria ficar em Luanda. Durante um mês que permaneci nesta bela cidade à beira-mar, e capital de Angola, meus amigos, mais parecia estar em Campo de Besteiros do que a prestar serviço militar.
Mas como tudo na vida tem os seus contras.
Surgiu um colega Sargento mais graduado que teve conhecimento da minha chegada a Luanda e logo tratou da minha substituição para o Humabo e para a maravilhosa e encantadora cidade de Nova Lisboa.
Então, em 8 de Março de 1972, parti numa coluna militar às cinco da manhã, para chegarmos ao quartel Grupo de Artilharia de Campanha n.2 no Bairro de S. António, já muito próximo das 7 da noite.
As apresentações da praxe, e um condutor de serviço para me levar ao Africa Hotel,para passar a noite, no dia seguinte seguir de novo para o quartel e fazer a minha apresentação oficial.
E, foi no CICA-GAC 2, que me apresentei logo de manhã, ao Capitão José da Costa Matos. Um senhor com "H" grande, um homem de bom coração, e depois de saber que vinha do CICA 1 do Porto, ainda mais ficou surpreendido como fui parar a Nova Lisboa.

Na foto Eu, mãe Lurdes, pai Bernardino, cunhada Azélia, irmão António, sobrinhos António Adelino, Luis e Marisa.

O destino assim o marcou, e foi nesta lindíssima cidade, que permaneci até regressar no dia 4 de Abril de 1974. Pelo meio ainda vim um mês de férias de 15 de Agosto a 15 de Setembro de 72. Foi uma grande felicidade como a foto mostra, de ter nessas férias o prazer de ter junto de mim o meu querido Pai, pela última vez.


A imagem mostra a última foto de familia completa. E em Nova Lisboa ter também a sorte e a felicidade de ter encontrado o meu querido primo José Neves, infelizmente já falecido, e de me ter convidado para viver em sua casa o tempo que fosse necessário no Bairro do Ferrovia.
Durante a permanência nesta bela cidade, tive o prazer de transmitir aos meus alunos instruendos, os meus conhecimentos e fazendo-lhes sentir que na sua vida civil, poderiam ter uma grande ferramenta para trabalhar, que era a licença de condução de automáveis ligeiros e pesados.
Foi um prazer muito grande ter manisfestado toda a minha experiência de instrutor de condução, a todos os que pela minha mão fizeram exame de condução, e, mais tarde fizeram o favor de novo me procurar, e manifestar o seu carinho e reconhecimento, pelo facto de não terem andado com uma arma na mão, mas sim por terem a possibilidade de na vida civil, poderem ter uma colocação de trabalho como motoristas.

São estas as aventuras passadas ao longo de largos meses numa cidade acolhedora e que nos deixa um sentimento muito grande de uma parte da nossa vida, vivida num lugar onde deixámos muitos amigos civis e militares, que nunca mais poderemos esquecer.

E ter também recebido o meu amigo e colega de escola o Avelar quando da sua passagem por Nova Lisboa a caminho da Guiné.








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